quarta-feira, 23 de março de 2011

Humildade

 A observação das coisas naturais sempre constituiu verdadeiro aprendizado na existência humana. Necessário é que este habito continue sendo usado sempre, principalmente quando encontrarmos em nossas observações, as lições necessárias para o nosso aperfeiçoamento moral – uma das obrigações do homem sobre a terra.
Quem acompanha com mais frequência os noticiários, tem percebido as grandes aflições por quais a humanidade passa atualmente. Em algumas partes, a natureza tem se mostrado mais agressiva enquanto que em outras, o próprio homem envenena-se por meios de guerras sangrentas e injustificáveis (ou com motivos que não convencem muito) como no caso da Líbia.
Neste caso específico há que se questionar qual o sentimento que move o ditador líbio a cometer tantas atrocidades, e, sinceramente não há como não chegar a uma conclusão: é a falta de humildade!
Mas, aumentando, ou melhor, aproximando o nosso campo de visão, poderíamos observar em nossa vizinhança se por acaso encontramos alguns ditadores da vida, ou para melhor compreendermos, quem sabe, em nós mesmos?
O orgulho é a falta de humildade em nós. Infelizmente parece que cada vez mais, uma parte mais distinta da sociedade tem se voltado para o orgulho. Fechando-se muitas vezes em suas fartas condições financeiras, acabam por lançar-se pelos caminhos da vaidade e do ego, grandes parceiras do orgulho e lamentavelmente perdem grandes chances de espiritualização fechando os olhos para aqueles que necessitam ainda do apoio financeiro, mas, principalmente do apoio afetivo, aquele que eleva a moral e enobrece o homem reconhecendo-o como o bem maior da sociedade e insubstituível.
Se observarmos na natureza, até mesmo a maiores coisas mostram-se humildes umas com as outras. Com o tempo, as montanhas inclinadas e endurecidas se desgastam para formar o solo fértil que produz o alimento e sustenta a vida. Por maiores que sejam os rios, eles sempre se unem para formarem os mares e oceanos. Até mesmo o oceano invisível de ar que nos banha, se divide em porções pequenas para oxigenar a vida. Se observarmos no universo, os sóis são gigantes, mas para aquecer e dar luz aos planetas vão se desgastando lentamente durante os milênios.
Até mesmo entre os homens, o maior e mais perfeito que conhecemos escolheu uma manjedoura simples para nascer, dando desde cedo o exemplo para que o homem pudesse seguir com segurança pela vida: a humildade!
Observando, então descobrimos que muito ainda precisamos mudar. De que adianta os status do mundo, os títulos nobres, os cargos elevados. De que adianta o homem querer estar por cima, se quanto mais alto, maior é o tombo?
Emmanuel esclarece em seu livro “Pensamento e Vida” (Ed. Feeb): “Humildade não é servidão. É, sobretudo, independência, liberdade interior que nasce das profundezas do espírito, apoiando-lhe a permanente renovação para o bem. Cultivá-la é avançar para a frente sem prender-se, é projetar o melhor de si mesmo sobre os caminhos do mundo, é olvidar (esquecer) todo o mal e recomeçar alegremente a tarefa do amor, cada dia...”.
Ser humilde é uma grande virtude que poucos realmente tem. Como todas as virtudes, é algo que cultivamos um pouco mais a cada dia.
Os problemas do mundo não estão na pobreza ou na desigualdade social. Serão resolvidos certamente quando muitos daqueles que são responsáveis por tornar-lo melhor deixarem o orgulho e a vaidade que escurecem suas visões e cederem à humildade.
Mas, antes de tudo cabe a cada um de nós fazermos as observações necessárias e de pouco em pouco podarmos os galhos que dão frutos ruins em nós, dando assim espaço e ares novos para que cresçam os ramos das boas virtudes que ainda nos faltam.

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