quarta-feira, 16 de março de 2011

Ilusões


Em se tratando do campo dos sentimentos, o homem vive na constante busca de seus ideais e das suas realizações pessoais. Infelizmente, esses processos muitas vezes tornam-se obsessivos e frustrantes quando dirigidos a objetivos equivocados.
É comum que tenhamos nossas ambições pessoais, já que são elas que nos norteiam durante a vida. Mas o problema em si, está na forma que muitos utilizam para resolver os seus conflitos pessoais (emoções, desejos, etc.).
Assim inevitavelmente encontraremos aqueles criarão para si as grandes ilusões da vida.
Ermance Dufaux em seu livro “Reforma Intima – Sem Martírio” (Ed. Dufaux – 2010) define ilusão (...) como sendo aquilo que pensamos, mas que não corresponde a realidade. São percepções que nos distanciam da Verdade. Existem em relação a muitas questões da vida, tais como, metas, cultura, comportamento, pessoas, fatos. A pior das ilusões é a que temos em relação a nós: a auto-ilusão.
(...) As ilusões decorrem das nossas limitações em perceber a natureza dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios. Na matriz das ilusões encontramos carências, desejos, culpas, traumas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências que formam o subjetivo campo das emoções humanas (...).
Sendo assim, podemos dizer que as ilusões que criamos são somente para firmar um “eu ideal” que não existe e que representa o papel daquilo que realmente gostaríamos ser.
Para entender como isto se aplica na prática, vamos tornarmos um pouco indiscretos e fazermos algumas observações:
Àqueles que são de alguma forma frustrados com suas situações econômicas, podem valer-se da vaidade dos cortes finos e de grandes marcas, das máscaras das maquiagens e do aromas dos perfumes para representarem um status mais condizente com suas ambições financeiras – mas esquecem-se, por exemplo, que a humildade também é uma grande virtude. Eis ai a grande ilusão!
Há outros que não conseguem sentir-se “amados” se este sentimento não estiver atrelado à outra pessoa. Sempre se julgarão prejudicadas pela falta do amor alheio que não recebem. Muitas vezes se sentirão injustiçadas por não receberem o amor idealizado do pai ou da mãe, do namorado ou da namorada, do esposo ou da esposa, faltará o amor dos filhos, dos amigos, Só há a incompreensão de todos.
Esquece-se neste caso de que não há amor no mundo que seja maior do que o amor próprio. É um dos sentimentos mais básicos que a pessoa deve ter.
Uma pessoa que depende antes de tudo de um amor que não seja o seu próprio, para viver, cria a ilusão de que a sua felicidade dependerá sempre de outros, amargurando-se pela vida e distanciando-se de todos.
Outros há ainda que se entregam a processos de culpas infinitos, como se todo mal vivido ou causado não tivesse remédio diante do arrependimento sincero. Tornam-se pessoas amargas, submissas, conformadas e egoisticamente veladas em um sofrer eterno, onde a Piedade nunca entra.
Eis ai mais uma das grandes ilusões que muitos absorvem quando se esquecem de que sempre é tempo de recomeçar. Para isto, basta apenas a humildade para aceitar-se a si, como realmente se é: ainda imperfeitos, mas constantemente no caminho da evolução moral.
André Luiz dá a receita para uma vida saudável no livro “Meditações Diárias” na mensagem – Evitando Obsessões:
Não deixe de sonhar, mas enfrente as suas realidades no cotidiano.
Reduza suas queixas ao mínimo, quando não possa dominá-las de todo.
Fale tranquilizando a quem ouve.
Deixe que os outros vivam a existência deles, tanto quanto você deseja viver a existência que Deus lhe deu.
Não descreia do poder do trabalho.
Nunca admita que o bem possa ser praticado sem dificuldade.
Cultive a perseverança, na direção do melhor, jamais a teimosia em pontos de vista.
Aceite suas desilusões com realismo, extraindo delas o valor da experiência, sem perder tempo com lamentações improdutivas.
Convença-se de que você somente solucionará os seus problemas se não fugir deles.
Recorde que decepções, embaraços, desenganos e provações são marcos no caminho de todos e que, por isso mesmo, para evitar o próprio enfaixamento na obsessão o que importa não é o sofrimento que nos visite e sim a nossa reação pessoal diante dele.
***
Observar a origem das nossas ideias e saber endereçar os nossos desejos é fundamental para o cultivo da felicidade, que só depende de nós mesmos.

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