quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A Solidariedade


Mais do que um fato, é uma constatação de o quanto os homens tem perdido a sua liberdade em função das deficiências morais porque passam as sociedades.
Remexendo um pouquinho na memória, àqueles que têm (só um pouquinho :D) mais do que vinte anos, se lembrarão dos tempos de infância em que as coisas não eram assim.
Uma boa parte de minha vida eu fui sitiante, sou filho de pequenos agricultores. Naquela época a solidariedade entre as pessoas eram mais evidentes.
Todas as famílias e os muitos vizinhos se uniam para sobreviver às dificuldades, graças à solidariedade mútua prestada. Seja como fosse, uns sempre ajudavam os outros, ora partilhando alimentos, ora se dedicando as lidas do campo (muito duras à época – diga-se de passagem) e mesmo nos fins de semana, nas tardes alegres de domingo as voltas das pistas de bocha ou maia, onde os mais velhos mostravam as suas habilidades para o esporte, ou então nos campinhos de futebol dos pastos, verdadeiros estádios improvisados.
Embora ninguém comentasse, todos sabiam existir um código moral a seguir e raramente se ouvia falar em desavenças.
Infelizmente, por conta da vida dura na época, muitos daqueles sentiram necessidades de partir, abarrotando as cidades e nesse processo de mudanças foram perdendo as suas identidades.
A tranquilidade do passar dos tempos, antes contadas na altura do sol ou das estrelas, seguia agora o pulsar frenético no ponteiro dos relógios.
Naqueles entardeceres e os seus pores de Sol e a paisagens campestres eram os momentos em que as famílias se reuniam em suas varandas para as reflexões do dia e o carinho do aconchego familiar. E quantas não eram às vezes em que as conversas iam longe, banhadas apenas pela luz da lua...
Enquanto isso, o homem na cidade foi perdendo aos poucos esses traços culturais tão bonitos e harmônicos. Em muitos casos de antes, a solidariedade deu lugar à frieza e ao vazio.
As pessoas foram se apartando aos poucos e seguindo individualistas. O pior de tudo é que isso acontece de forma inconsciente e para suprir o vazio, nada mais injusto do que o piscar hipnótico das televisões.
Hoje “é até comum” vermos famílias morarem debaixo do mesmo teto, terem certa proximidade e assim mesmo estarem alheios uns com os outros, verdadeiros estranhos entre si.
Assim, não é de se estranhar que as diferenças sociais prejudiquem tantas pessoas.
Inconscientemente caminhamos para isto. Trocamos o calor humano pelas facilidades da vida moderna e esquecemos-nos de algo que deveria ser o nosso acessório básico todos os dias: a solidariedade.
Por vezes somos os solidários de vitrine, onde todos nos vêem mais ninguém pode nos tocar.
Afinal das contas, quanto mesmo nos importamos com as outras pessoas?
Ai está algo para se pensar realmente...
“_Fazer o bem sem olhar a quem!”
Talvez devêssemos começar assim...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Carroça


Chega ser gritante a forma com que algumas pessoas buscam se expressar. Na tentativa desesperada de tornarem-se evidentes, muitas vezes costumam tornar-se excessivamente barulhentas e vazias.
 Infelizmente, em muitos, é a vaidade que impera, e o resultado triste disso são falações e falações sem nexo, muitas chegam a ser irritantes e desconfortáveis.
Parte disto vem da necessidade de o individuo cobrir os rastros de suas mentalidades vazias e imorais. Uma boa reflexão sobre tema encontramos na mensagem do livro E para o Resto da Vida... de Wallace Leal V. Rodrigues. Vejamos a seguir:

A Carroça

Certa manhã, meu pai convidou-me a dar um passeio
no bosque e eu aceitei com prazer.

 Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno
silêncio me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais
alguma coisa?

 Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:

 - Estou ouvindo um barulho de carroça.

 - Isso mesmo, disse meu pai. É uma carroça vazia...

 Perguntei ao meu pai:

 - Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

 - Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia, por causa do barulho.

Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, inoportuna, interrompendo a conversa de todo mundo,
tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

- Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...

Esta pequena história é uma forma simples de explicar a questão levantada acima.
Em tempos como os do século XXI, torna-se mais do que necessário o aperfeiçoamento individual, tanto o intelectual como o moral.
Novos tempos, sempre requerem novas maneiras de se agir e de se pensar e inevitavelmente temos apenas duas opções: evoluir ou perecer.
Na ânsia de disfarçar o vazio da alma, muitos costumam fazer muito barulho exterior, infelicitando-se e infelicitando os que os cercam.
A arte de bem falar ainda é pouco conhecida de muitos de nós.
E falar bem nunca significou falar muito, pelo contrário, o poder de resumir é qualidade apenas dos sábios.
Falar pouco e dizer muito é coisa que poucos sabem fazer.
Mas, falar muito e dizer pouco, é um fato comum.
Quem fala demais e diz o que não deve, acaba escravizado pelas próprias palavras que, uma vez ditas, não podem mais ser apagadas.
Mas, enquanto nós não as dizemos, são nossas prisioneiras e temos sobre elas sempre o total domínio.
Baseado no texto: Falar com moderação

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Evolução Sem Dor


O homem sempre interagiu com a natureza e nesse processo sempre foi lapidando a sua inteligência.
A cada descoberta no meio natural sentia a necessidade de aguçar o raciocínio. Assim, durante séculos, foram se fazendo descobertas novas e aperfeiçoando idéias e conhecimentos antigos. Sempre caminhamos para evolução.
A vida moderna tem exigido cada vez mais descobertas e formas novas de se pensar.
Neste ponto, já edificamos magníficas construções, mas infelizmente por vezes deixamos de alicerçar o mais importante: o nosso ser.
Inevitavelmente observamos isto todos os dias mundo afora através de pessoas instáveis emocionalmente.
O resultado trágico disso são pessoas inseguras em relação a suas emoções, muitas presas ao orgulho e a vaidade e a terríveis processos de culpas e autopunição.
Com o passar dos tempos, fomos nos deixando-nos guiar pelos caminhos largos dos sentimentos materialistas, onde o “ter” tornou-se gravemente mais importante do que o “ser”, e mesmo que não nos digam, sempre vemos por onde passamos pessoas presas a ilusões e desilusões, presas aos seus bens, a romances nada dignos, onde o falso “amor sexual” domina, muitos, ainda presos em vícios e a grandes processos de autodestruição.
A melhor solução: reforma intima!
Mas, não aquela reforma equivocada que nos ensinaram desde os tempos dos cueiros, norteadas por falsos sentimentos de culpa, verdadeiros massacres psicológicos.
A verdadeira reforma se dá antes de tudo pela aceitação do que se “é”, e cá entre nós, não temos sido grande coisas em nossa existência.
Corajosos são, por exemplo, os nossos irmãos alcoólatras anônimos. Estes sim deram o passo mais difícil, corajoso e importante: antes de tudo, aceitaram o que são realmente, para depois sim, buscarem melhorar-se.
O segundo passo é buscar melhorar as nossas tendências mais negativas, com paciência e perseverança. Jamais poderemos arrancá-las de nós como algum galho seco, pois são parte de nós e da nossa história.
Reforma íntima (RE – FORMAR) é “formar outra vez”. É buscar consciência sem se martirizar pela culpa, é saber mudar de caminho quando escolhermos caminhos errados, inevitavelmente muitas vezes só aprenderemos por conta de nossos erros.
A solidificação e a estabilização do nosso ser devem ser constantes como nas ciências. Moralmente sempre teremos mais a aprender e a melhorar.
O caminho consciente para aprendizagem é sempre aquele guiado pelo perdão e a capacidade de nos darmos outras chances de recomeçar, como diria o Chico Xavier em uma de suas célebres frases: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Do Oriente Para o Mundo


O movimento das massas populares sempre foi um ótimo recurso contra a opressão e a tirania.
Nos últimos dias têm nos chegado notícias do oriente que retratam bem a afirmação do parágrafo acima.
Os povos de várias nações, entre elas, o do Egito, cansado de viver as mínguas e na miséria, finalmente resolveram se dar as mãos, lutando por direitos básicos e justos: o direito de expressão, a liberdade e ao progresso – leis naturais à humanidade.
Depois de anos na dormência, parecem finalmente despertar da “idade das trevas” moderna em que se acondicionavam.
Fica ai o verdadeiro exemplo a ser seguido: o de como se fazer ao próximo aquilo que se deseja para si.
E assim, seguiram cantando num coro de cerca de um milhão de vozes em praça pública, segundo informações vindas de lá.
Para o resto do mundo que ainda não se deu conta, fica a observação: o mundo esta mudando de maneira jamais vista!
Velhos conceitos duradouros e equivocados, mesmo até religiosos estão despencando aos poucos para dar lugar a idéias mais concisas e verdadeiras, idéias mais iluminadas.
Um pouco dessas mudanças é por conta das descobertas científicas novas (em especial, cito a Física Quântica), outro tanto, é por conta do senso crítico mais afiado das pessoas, onde não basta crer em algo ou apenas ter fé. Antes de tudo, existe a necessidade de estarem em conformidade com a razão (o homem tornou-se mais inteligente e por isso mesmo, mais exigente).
Se no passado eram as trevas e o materialismo irrestrito que prevaleciam, nesse novo mundo que chega, a luz dá foco ao homem nas questões espirituais, e, assim reaprenderemos as lições dadas há 2011 anos, reconhecendo em cada um de nós os melhores bens que visamos ter.
Lá no Egito, o povo clama simplesmente pela transformação moral da elite governista corrupta. São povos surrados e doloridos.
Empobrecidos em dinheiro, mas, muito ricos em dignidade, dando-se conta de que é preciso mudar, mas mudar em paz, contrariando todas as idéias preconceituosas que muitas vezes temos dos povos islâmicos.
E assim resgatam o verdadeiro sentido do nome do credo que professam: Submissão a vontade de Deus! (vontade muito justa, naquilo que o povo busca nestes momentos).
Muitos períodos da história foram marcados por revoluções. Mas, a maior revolução é aquela que se dá na intimidade da consciência humana e em seu caráter.
Definitivamente são tempos novos, e novos tempos requerem autoavaliações e a censura em nós de toda atitude sem moral e sem caridade para com o próximo, como nas lições cristãs repassadas pelos séculos.
É deixando o egoísmo de lado e dando as mãos como os egípcios fizeram e lutando uns pelos outros, é que encontraremos o caminho do bem comum para todos os povos guiados pela luz dos novos tempos.