quarta-feira, 27 de julho de 2011

Caminhe


Por mais que o tempo pareça te faltar e as obrigações do dia te ocupem e te confundam os pensamentos, de cabeça erguida e vigilante, olhe em redor e caminhe sempre.
Perceberá o que deixou de perceber. Perceberá o quanto te encontra por vezes em um mundo alheio a tudo e a todos.
Verá que por mais que caminhe em meio à multidão, muitas vezes é como se estivesse só, sem reparar em ninguém.
Se puder parar, perceberá o quanto existe vida em teu redor e o melhor de tudo é que descobrirá que você também faz parte dela.
Por vezes busca-se enriquecer na matéria, empenhando muito tempo nisto, dando a desculpa de prover as necessidades dos seus, e com isso deixa-se de observar as necessidades de outros e inconscientemente, o que se tem, é o egoísmo.
É preciso sempre lembrar que o destino final de todo homem é a pátria espiritual. Muitos ainda não aprenderam ou já se esqueceram das palavras do Mestre de Nazaré ao ensinar que as “verdadeiras riquezas não são deste mundo” ou ainda “que nem só de pão vive o homem”.
Por onde anda esta humanidade cabisbaixa?
A tranquilidade do ouro não lhes tira o peso da cabeça? Por que caminham de olhar fixo no chão?
Riqueza sem dúvida e dádiva divina. Mas, não é raro ser também, prova difícil onde muitos desabam descuidados.
Lembre-se que ouro dá casa, mas, não dá, nem conquista o carinho e nem a admiração dos familiares.
Pode rodeá-lo de pessoas, mas não garante a amizade sincera.
Facilita-lhe os prazeres, mas não compra um amor verdadeiro.
Compra o remédio, mas não garante a saúde.
Riqueza é para ser, compartilhada...
Para isto, caminha-se de cabeça erguida e enxerga-se quem esta ao lado.
Olhando para o chão não se tem referência do mundo.
Ao contrário do que se pensa, muitas vezes humildade consiste em olhar alto, buscar o céu e Aquele que tudo tem e tudo provê, além de mostrar o caminho.
Na vida não conquistamos nada. Apenas tomamos emprestado Daquele que tudo tem e a quem um dia devolveremos prestando conta da maneira que utilizamos os recursos que nos foram emprestados.
A verdadeira felicidade não está ligada aquilo que podemos tocar, mas sim, naquilo que podemos sentir de bom.
Caminhe sempre de cabeça erguida saindo do mundo de solidão e de ilusão em que te encontras.
Verás que existem mais pessoas como você, cuja facilidade do ouro não garante a alegria, e muitos outros que podem sentir um pouco de paz e de conforto, quando aprenderes a repartir o que tens com responsabilidade, garantindo assim uma prestação de contas feliz.
Existem muitas pessoas em mundos a parte do seu esperando serem notadas.
Muitas, presas em dores e sofrimentos, esperando por vezes, não apenas o conforto material, e sim, apenas um sorriso teu que as livre de seus medos e lhes dê conforto, para que possam voltar a viver.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Dores


Apesar do caos aparente em que se encontra o mundo, ainda assim existe equilíbrio para quem o busca.
Da mesma forma que a Terra evolui anos adentro convulsionando, de vez em quando também passamos por momentos de convulsão e crescimento onde a dor se faz presente, igual a criança que experimenta as dores de quando seus ossos dão leves espichadas conduzindo-o a maioridade.
Há quem pense que quando a dor se apresenta em nossas vidas, seja uma injustiça Divina. Mero engano, pois em nossa relutância egoísta, esquecemos que em tudo na vida há uma razão de ser.
Ao longo de nossa evolução fomos nos tornado seres imediatistas e impacientes, de certa forma, muito mimados, e, quando nos acontece algo fora daquilo que desejamos sentimos vontade de esbravejar. Alguém tem de levar a culpa...
Esquecemos de lembrar que antes de tudo somos seres espirituais habitando corpos materiais, assim, inevitavelmente como na natureza, chegará um dia em que de pouco em pouco, as nossas constituições corporais irão se desgastar quase ao ponto de se desfazerem e sentir dor então será inevitável.
Com dizem algumas ciências: somos programados para nascer, crescer, reproduzir e morrer (morrer no sentido de deixar o corpo, já que somos seres imortais e eternos, e a vida continua após a morte em outro estado, o estado espiritual) e nesse processo em algum momento sentir dor é natural.
Do ponto de vista espiritual, o desgaste e a dor se dão de acordo com as impressões que colhermos durante a vida, já que nutrimos o nosso espírito com emoções. Se as impressões forem boas, sadios serão nossos espíritos. Se as impressões forem más, más também serão os nossos espíritos e neste ponto tornam-se doentes e com isso também experimentaremos a dor.
A partir deste ponto de vista fica fácil entender o porque de muitas vezes encontramos pessoas com corpos doentes, mas de espíritos sadios.
As pessoas espiritualmente sadias são aquelas cujas dores físicas não as influenciam moralmente. Optam em serem mais otimistas do que pessimistas. Apesar da dor que sentem, procuram buscar sempre o lado bom da vida.
Não se prendem em eternas lamentações.
Buscam fugir ao máximo da “síndrome do coitadinho”, evitando suprir suas carências afetivas externando suas dores, e por vezes, tornam o processo de cura, uma tarefa impossível de se realizar.
Como seres espirituais habitando corpos matérias, experimentaremos certamente, tanto as dores físicas, quanto as dores morais, que são as dores da alma e que envolvem os sentimentos.
Mas lembremos que tanto uma quanto outra estão em perfeita harmonia com a Natureza e a lei de evolução.
No fim de tudo prevalecerá o fruto das lições que aprendermos e que darão mais brilho em nosso caráter. Nesse processo, fugir das lamentações é essencial.
Lembremos que pessoas como Louis Braille (cego) inventou a linguagem que hoje norteia milhares de pessoas no mundo todo – Beethoven (surdo) tornou-se um dos maiores compositores de toda a história mesmo sem ouvir o que compunha – Vincent Van Gogh (esquizofrênico) hoje é tido como uma das maiores referencias em pintura no mundo – pintava com os sentimentos da alma – Aleijadinho (leproso) esculpiu e entalhou trabalhos que chamam a atenção de críticos em arte no mundo inteiro, tornando o Brasil uma das referências em artes barrocas – Louis Pasteur (tuberculoso) fez inúmeras descobertas sobre micróbios que salvam vidas até hoje. E, por fim, a senhora Helen Keler (cega, surda, muda) escreveu livros que encantam leitores no mundo todo até os dias de hoje.
Estes, com certeza jamais optaram em sofrer, e sim em deixar o melhor de si para a humanidade.
Sentir dor, em dado momento é inevitável, mas, sofrer, é uma questão de escolha.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Ressecados


O mundo em nossa volta é certamente regido por leis que desconhecemos, mas que nem por isso, deixa de existir a harmonia. Mesmo assim os nossos sentidos são sempre presenteados com as mais belas expressões da vida, desde a pedra mais rudimentar até as formas mais complexas, sempre sustentadas pela Natureza, como mãe zeladora sempre a vigiar.
Mas, mesmo diante de tanta beleza e harmonia, inevitavelmente chegam até nós àqueles momentos mais duros que nos desalinham e nos convidam a uma reflexão mais profunda da vida.
Graças as nossas faculdades intelectuais fomos evoluindo e com isso sempre aprendendo a desejar o melhor.
No entanto, infelizmente há aqueles que por um motivo ou outro passaram a desejar coisas impossíveis ou inconvenientes, passando assim a serem impedidos de consumarem os seus desejos, tornando-se pessoas insatisfeitas.
Com o tempo, e o acumulo dessa insatisfação, perderão o seu equilíbrio emocional, e por vezes até mesmo a razão. É ai então que encontraremos aquelas pessoas conhecidas por serem loucas justamente por tornarem-se insaciáveis.
Muitos desses, guardam mágoas profundas de suas vidas mal resolvidas, de seus insucessos e frustrações, guardam mágoas dos amores mal correspondidos ou mesmo do amor sincero que nunca conheceram, outros, carregam as marcas da infância mal direcionada, sempre regada ao conforto, mimados aos extremos e sempre impedidos de se contrariarem com as decepções naturais que a vida utiliza para nos educar.
Mas, a harmonia é uma lei universal, e infelizmente, mesmo que não queiramos, somos levados a ela por bem ou por mal e inevitavelmente existirão aqueles que se sentirão insatisfeitos com o que a vida lhes dispõe, e contrariados encherão de feridas os seus orgulhos.
Amargurados, se tornarão pessoas ressentidas e ressecadas.
É comum vermos nessas situações aquelas pessoas que constroem seus mundos a parte. Criam magníficos castelos e preenchem com diversos tesouros, iluminam suas fechadas dando uma aparência agradável. Tudo apenas para esconder a verdadeira fragilidade do que existe do lado de dentro.
São como belos e adubados vasos de rosas que no menor descuido murcham por falta d’água.
A lei de evolução nos leva ao progresso, tanto o moral como intelectual e o material. Mas, para isto é necessário que arranquemos de nós o orgulho, o verdadeiro causador de todas as mazelas acima.
O grande Mestre de Nazaré ensinou que o reino dos céus é para os pobres de espírito, ou seja, é dos humildes, e a humildade é o oposto do orgulho.
O orgulhoso busca sempre preencher-se de coisas que façam barulho e lhe dêem aparência.
O Humilde fica feliz em fazer sua parte sem se preocupar em ser melhor ou pior.
O orgulhoso sente necessidade de estar por cima achando-se superior olhando quem está abaixo, mas apenas porque teme descobrir Algo maior e acima da sua vaidade.
O Humilde permanece embaixo com os pés firmes no chão, e quando ergue a cabeça com humildade é para agradecer à Providência Divina, e só por isso já enxerga longe os caminhos a seguir no horizonte.
O orgulhoso se ofende e se estressa à toa dando pitti no vento da insegurança.
O Humilde raramente ou nunca se ofende, pois está cheio de paz e tranqüilidade, de amor e de Humildade, e, vive a vida sem medo de se perder porque prevê os caminhos. Ele é como a chuva que por onde passa distribui porções de amor que umedecem e devolvem a vida.
O orgulhoso é vento abrasador que, por onde passa suga o pouco da beleza que existe e resseca a paisagem.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Serpentes


Como se não bastasse a nossa própria carga emocional, muitas vezes somos ainda bombardeados pelos excessos daqueles que nos rondam e que se comportam como verdadeiras serpentes. 
A maior qualidade das pessoas, é justamente a capacidade de se socializar, ou seja, viver em grupo.
Isso muitas vezes gera tensões justamente porque temos anseios diferentes e antes de tudo, necessitamos aprender a lidar com as nossas emoções, principalmente com aquelas que julgarmos ser mais agressivas.
Algumas pessoas parecem ter o dom de superar os limites. São verdadeiros testes ambulantes de paciência e tolerância com os quais nos deparamos.
Por vezes tornam-se especialistas da vida alheia, cheias de inveja e de amargura, prontas à tecer comentários maldosos a cerca de tudo e de todos.
Pior ainda é a convivência daqueles cujo seu olhar impiedoso, as tornam vítimas das suas queixas e das acusações.
Pessoas assim também tem uma forte tendência para fugir das responsabilidades: Se deu certo fui eu, senão, foi fulano...
Muitos autores já discutiram sobre o tema e chegaram a conclusão de que se trata nada mais, nada menos, do que pessoas inseguras. São incapazes de lidar com os próprios sentimentos, as vezes por motivos próprios e as vezes, por motivos externos. Como dissemos acima: sabem tudo da vida alheia, mas, muitas vezes, não sabem nada de si mesmas.
No fundo, pessoas ignorantes.
Por compaixão, muitas vezes somos tentados a mudar essas pessoas conforme o nosso juízo. Tarefa infrutífera.
As pessoas, ditas mais equilibradas, as são porque já passaram por experiências as quais formaram um caráter mais solido e equilibrado.
Por tanto, as pessoas onde o trato é mais difícil, raramente mudariam por vontade alheia, por melhor que sejam as intenções. Elas mudarão no momento em que passarem a provar as consequências dos seus atos infelizes e a consciência passará a guiá-los por caminhos mais sadios.
Por outro lado, pessoas difíceis também são os instrumentos que a Providência coloca em nossas vidas para nos ajudar a conquistar ou a aperfeiçoar duas virtudes sublimes em nossos caráteres: a paciência e a compreensão. Senão, “onde há virtude em amar apenas a quem nos ame...” como diria o Cristo?
Muitas vezes a “antipatia” também pode estar relacionada ao reflexo que as pessoas tem da nossa própria antipatia. Podemos agir assim, mesmo que de forma inconsciente.
Se realmente desejar ajudar pessoas ditas difíceis de lidar, as nossas “serpentes”, antes de tudo deverá transmitir a elas simpatia.
Reconheça nelas antes de tudo as suas qualidades. Por mais sutis que te pareçam, elas sempre existem, e quem nos prova isto é Jesus Cristo ao fazer referência a “prudência das serpentes”, enquanto ensinava os seus discípulos, mas, para vê-las, é preciso primeiro ter sensibilidade no olhar.
Não se vê beleza, onde existam os pré-conceitos.
Dessa forma, elas se sentirão valorizadas sob seu olhar e procurarão corresponder-lhe da melhor maneira possível.
De pouco em pouco, sentirão a sensibilidade florescer dentro de si e passarão a ver o mundo com outros olhos.
A vida sempre nos presenteará com pessoas, boas ou más as nossas vistas, mas antes de tudo é preciso que tenhamos sensibilidades suficientes para enxergar sempre as melhores qualidades de que sejam dotadas, dando assim, espaço para a paciência e a tolerância tão em falta nos dias de hoje.