Mais do que um fato, é uma constatação de o
quanto os homens tem perdido a sua liberdade em função das deficiências morais
porque passam as sociedades.
Remexendo um pouquinho na memória, àqueles
que têm (só um pouquinho :D) mais do que vinte anos, se lembrarão dos tempos de
infância em que as coisas não eram assim.
Uma boa parte de minha vida eu fui sitiante,
sou filho de pequenos agricultores. Naquela época a solidariedade entre as
pessoas eram mais evidentes.
Todas as famílias e os muitos vizinhos se
uniam para sobreviver às dificuldades, graças à solidariedade mútua prestada.
Seja como fosse, uns sempre ajudavam os outros, ora partilhando alimentos, ora
se dedicando as lidas do campo (muito duras à época – diga-se de passagem) e
mesmo nos fins de semana, nas tardes alegres de domingo as voltas das pistas de
bocha ou maia, onde os mais velhos mostravam as suas habilidades para o
esporte, ou então nos campinhos de futebol dos pastos, verdadeiros estádios
improvisados.
Embora ninguém comentasse, todos sabiam
existir um código moral a seguir e raramente se ouvia falar em desavenças.
Infelizmente, por conta da vida dura na época,
muitos daqueles sentiram necessidades de partir, abarrotando as cidades e nesse
processo de mudanças foram perdendo as suas identidades.
A tranquilidade do passar dos tempos, antes
contadas na altura do sol ou das estrelas, seguia agora o pulsar frenético no
ponteiro dos relógios.
Naqueles entardeceres e os seus pores de Sol
e a paisagens campestres eram os momentos em que as famílias se reuniam em suas
varandas para as reflexões do dia e o carinho do aconchego familiar. E quantas
não eram às vezes em que as conversas iam longe, banhadas apenas pela luz da
lua...
Enquanto isso, o homem na cidade foi perdendo
aos poucos esses traços culturais tão bonitos e harmônicos. Em muitos casos de
antes, a solidariedade deu lugar à frieza e ao vazio.
As pessoas foram se apartando aos poucos e
seguindo individualistas. O pior de tudo é que isso acontece de forma inconsciente
e para suprir o vazio, nada mais injusto do que o piscar hipnótico das televisões.
Hoje “é até comum” vermos famílias morarem
debaixo do mesmo teto, terem certa proximidade e assim mesmo estarem alheios
uns com os outros, verdadeiros estranhos entre si.
Assim, não é de se estranhar que as diferenças
sociais prejudiquem tantas pessoas.
Inconscientemente caminhamos para isto. Trocamos
o calor humano pelas facilidades da vida moderna e esquecemos-nos de algo que
deveria ser o nosso acessório básico todos os dias: a solidariedade.
Por vezes somos os solidários de vitrine,
onde todos nos vêem mais ninguém pode nos tocar.
Afinal das contas, quanto mesmo nos
importamos com as outras pessoas?
Ai está algo para se pensar realmente...
“_Fazer o bem sem olhar a quem!”
Talvez devêssemos começar assim...
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