Dias
de incertezas parecem surgir a cada instante no trajeto de nossas vidas e isso
torna-se cada vez mais impossível de não se perceber.
É como se ondas de terror fossem se formando e
ficando maiores e dia após dias arrebentassem no litoral, ou, como se algo nos levasse
a caminhar às cegas no meio de denso nevoeiro de incertezas rumo a um sumidouro
de esperanças.
Penso
que nenhuma incerteza abala tanto as fibras humanas quando aquelas relacionadas
às crianças, jovens e adolescentes – o futuro.
Com
se não bastassem tantas guerras, misérias e desgraças naturais a torturar
muitos desses pequeninos, hoje vivenciamos essa onda toxicomaníaca, cujas
expressões mais devastadoras se percebe nos pátios das cracolândias ou em
qualquer beco sombrio que as abrigue.
É
impossível que saibamos a história de todas elas. Suas origens, dores e lamentações...
Geralmente,
se apresentam ao mundo como expressões mal rabiscadas, habitando corpos
esqueléticos de olhares profundos e entristecidos a pedir um trocado qualquer a
fim de aliviar suas dores e angústias.
De
suas dores e lamentações só Deus sabe e se importa de verdade...
Mas,
cá entre nós, será que isto tudo tem haver com paternidade? Ou melhor,
paternidades deficientes?
Se
for, é preciso refletir muito...
Paternidade
ao contrario do que muitos podem pensar, pouco tem haver com laços consanguíneos
ou de DNA.
Paternidade
é antes de tudo, laço Divino e Fraterno concedido por Deus. É relação de afeto,
onde homens e mulheres, mesmo que imperfeitos, se dispõem a ensinar o pouco que
sabem a seus filhos, sempre se pautando no amor e no respeito ao próximo.
Toda
forma de relação tem suas regras, e é ai, onde muitos pecam!
Estragam-se
vidas inteiras por pouco. Muitos querem basear essa relação na maneira
materialista, insensível e sem presença, e será nisso que a criança baseará o seu
caráter.
Com
isso, as pessoas vão se afastando e criando mentalidades monstruosas, egoístas,
ariscas e deficientes. Difíceis mesmo de se conviver.
Outro
dia fui convidado a visitar uma amiga cujo ex-companheiro havia saído de casa
deixando ela e três crianças pequenas. O mais novo tinha uns dois anos na
época. Hoje, o único relacionamento paterno possível e existente, é o imposto
pela lei.
Cena
triste quando tem que se ver uma criança de quatro anos implorar a sua mãe
(maravilhosa mãe, diga-se de passagem) que o leve em determinado templo
religioso no dia do seu aniversário, por saber que lá encontrará o pai, que por
razões injustificáveis não fez o mínimo de questão de se lembrar do aniversário
do filho que tanto o venera.
E
pessoas assim ainda se dizem cristãs. E dizem de boca cheia.
É
assim que nos afastamos de quem amamos e criando bestas. Não sei saber se isso
é orgulho, falta de humildade, de caridade, de caráter ou de desrespeito com a vida...
Em
se tratando das leis que regem o universo, é natural que em algumas situações a
matéria se afaste em movimentos quase imperceptíveis e contínuos. Mas, em se
tratando de vidas humanas, nada causa mais estrago do que o “afastar” que impomos
uns aos outros.
E
assim, vamos empurrando para as beiradas dos abismos, o que nós, fizemos indesejados.
Mesmo
que isso se transforme em desgraças como aquelas que conhecemos como
cracolândias, maconholândias, guaírolândias, desfamiliândias...
Felizmente
nem tudo está perdido e ainda há esperanças se começarmos a despertar em nós,
mais proximidade, fraternidade, irmandade e solidariedade.
A
homenagem final fica a você mãe ou pai, que leva a sério sua tarefa e se
desdobra em zelar pelo bem maior que Deus lhe concedeu em sua criação: Seus
Filhos!
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