quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Afastados



Dias de incertezas parecem surgir a cada instante no trajeto de nossas vidas e isso torna-se cada vez mais impossível de não se perceber.
 É como se ondas de terror fossem se formando e ficando maiores e dia após dias arrebentassem no litoral, ou, como se algo nos levasse a caminhar às cegas no meio de denso nevoeiro de incertezas rumo a um sumidouro de esperanças.
Penso que nenhuma incerteza abala tanto as fibras humanas quando aquelas relacionadas às crianças, jovens e adolescentes – o futuro.  
Com se não bastassem tantas guerras, misérias e desgraças naturais a torturar muitos desses pequeninos, hoje vivenciamos essa onda toxicomaníaca, cujas expressões mais devastadoras se percebe nos pátios das cracolândias ou em qualquer beco sombrio que as abrigue.  
É impossível que saibamos a história de todas elas. Suas origens, dores e lamentações...  
Geralmente, se apresentam ao mundo como expressões mal rabiscadas, habitando corpos esqueléticos de olhares profundos e entristecidos a pedir um trocado qualquer a fim de aliviar suas dores e angústias.
De suas dores e lamentações só Deus sabe e se importa de verdade...
Mas, cá entre nós, será que isto tudo tem haver com paternidade? Ou melhor, paternidades deficientes?
Se for, é preciso refletir muito...
Paternidade ao contrario do que muitos podem pensar, pouco tem haver com laços consanguíneos ou de DNA.
Paternidade é antes de tudo, laço Divino e Fraterno concedido por Deus. É relação de afeto, onde homens e mulheres, mesmo que imperfeitos, se dispõem a ensinar o pouco que sabem a seus filhos, sempre se pautando no amor e no respeito ao próximo.
Toda forma de relação tem suas regras, e é ai, onde muitos pecam!
Estragam-se vidas inteiras por pouco. Muitos querem basear essa relação na maneira materialista, insensível e sem presença, e será nisso que a criança baseará o seu caráter.
Com isso, as pessoas vão se afastando e criando mentalidades monstruosas, egoístas, ariscas e deficientes. Difíceis mesmo de se conviver.   
Outro dia fui convidado a visitar uma amiga cujo ex-companheiro havia saído de casa deixando ela e três crianças pequenas. O mais novo tinha uns dois anos na época. Hoje, o único relacionamento paterno possível e existente, é o imposto pela lei.
Cena triste quando tem que se ver uma criança de quatro anos implorar a sua mãe (maravilhosa mãe, diga-se de passagem) que o leve em determinado templo religioso no dia do seu aniversário, por saber que lá encontrará o pai, que por razões injustificáveis não fez o mínimo de questão de se lembrar do aniversário do filho que tanto o venera.
E pessoas assim ainda se dizem cristãs. E dizem de boca cheia.
É assim que nos afastamos de quem amamos e criando bestas. Não sei saber se isso é orgulho, falta de humildade, de caridade, de caráter ou de desrespeito com a vida...
Em se tratando das leis que regem o universo, é natural que em algumas situações a matéria se afaste em movimentos quase imperceptíveis e contínuos. Mas, em se tratando de vidas humanas, nada causa mais estrago do que o “afastar” que impomos uns aos outros.
E assim, vamos empurrando para as beiradas dos abismos, o que nós, fizemos indesejados.
Mesmo que isso se transforme em desgraças como aquelas que conhecemos como cracolândias, maconholândias, guaírolândias, desfamiliândias...
Felizmente nem tudo está perdido e ainda há esperanças se começarmos a despertar em nós, mais proximidade, fraternidade, irmandade e solidariedade.
A homenagem final fica a você mãe ou pai, que leva a sério sua tarefa e se desdobra em zelar pelo bem maior que Deus lhe concedeu em sua criação: Seus Filhos!

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