sábado, 23 de outubro de 2010

O Princípio da Culpa


Por milhares de anos, desde que o homem passou a constituir a vida em sociedade, houve a necessidade de se manter a ordem.
Sempre existiram aqueles indivíduos que se sobressaiam aos outros evidenciando suas virtudes, boas ou más.
 Era comum os bons se tornarem lideres e à eles eram incumbidos de estabelecer a ordem e fazer prevalecer a justiça.
Em paralelo a isto, surgia o sentimento de culpa: se era necessário fazer justiça, logo deveria haver um culpado pelas injustiças cometidas.
Posteriormente e não necessariamente nessa ordem, vieram os sacerdotes. Naquela época, muitos eram o que consideramos hoje como pagãos, mas, em muitos  já haviam brotado a Centelha Divina, e era comum julgarem sob os pretextos da igualdade, da fraternidade, do amor ao próximo e sob as leis do bom relacionamento, sempre visando reparar as faltas cometidas com justiça, e era comum os acordos terminarem sendo celebrados em grandes festas, simbolizando o entendimento, a amizade e a paz.
Desde aqueles tempos, os homens ainda lutam para permanecerem na vida social com dignidade, como da mesma forma as sociedades têm seus bons e maus elementos e inevitavelmente, todos nós carregamos um pouco do sentimento de culpa, por termos feito isto ou aquilo, ou em muitos casos, não termos feito nada.
Partindo deste ponto, podemos entender que a verdadeira culpa esta nos atos cometidos com maldade e intencionalmente.
Já não somos mais tão inocentes assim. Agimos conforme o nosso livre arbítrio (livre arbítrio é a liberdade de escolhas). Sabemos o que lesa ou não ao outro. Sabemos quais palavras agridem. Sabemos o que fazer.
Nossas atitudes já não podem ser comparadas as da criança ingênua, que age conforme a curiosidade. Não somos tão inocentes assim.
Conta-se em uma história que Confúcio, um sábio oriental, foi procurado por um homem que lhe confessara ser ladrão de galinhas. Roubava quarenta galinhas todas as noites, mas dizia-se arrependido e pedia conselhos para mudar.
Confúcio se compadeceu da atitude do homem e advertiu:
_Sabes que nossas leis são severas. Sua pena seria de quarenta chibatadas. Contudo, vá para casa e ore por seu perdão. Desista desses atos e encontrará a salvação.
O Homem ao sair da presença de Confúcio, resolveu acatar os conselhos, mas faria do seu jeito. A cada dia roubaria menos, até parar de vez. E assim fazia.
A cada dia roubava menos, sempre orando, conforme o conselho recebido, até que certa noite foi preso. Acabou por morrer esvaído numa poça de sangue, ante as quarenta chibatadas recebidas.
Jesus Cristo foi mais direto: _Vá e não peques mais!
Reflitamos um pouco: onde encontramos, ou melhor, onde escondemos nossas culpas? Seguimos sem pecar? Seremos pegos na madrugada de surpresa e daremos conta das quarenta chibatadas?
Somos os melhores juízes de nós mesmos! Só há um jeito de nos livrarmos da culpa, e é, não tê-las!
As questões do mundo, certamente serão julgadas pelas leis do mundo, mas, os julgamentos morais, antes de tudo, cabem a cada um de nós fazermos.
Não se pode deixar para o amanhã as atitudes que santificam hoje.
O melhor jeito de evitar a culpa,  é sempre evitar fazer o mal.

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