quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Das Pedras ao Amor


De vez em quando parece que o mundo vira de pernas para o ar, como há poucos dias, quando o homem se viu mais uma vez subordinado as forças da natureza.
Para os mais acomodados, bastará repetir o velho bordão: “_Deus quis assim!”. Para os mais enérgicos: “_A culpa é do próprio homem!”.
Mas, refletindo, dá muito o que pensar.
No principio do homem, tanto no que diz a história da ciência como no que diz o da religião, o homem foi criado imaturo e humilde (sem conhecimentos muito profundos - se preferir), e vivia relativamente em paz com a natureza.
Sua humildade talvez fosse apenas reflexo de sua ignorância. Era movido basicamente por instintos (reações a certos tipos de situações), sentimento básico de sobrevivência de todo o ser racional.
Mas, na medida em que evoluía, aprendia, e das descobertas que ia fazendo, resultavam as sensações, boas ou más. Em miúdos, o homem deixava os seus instintos para lidar com sensações (prazeres mais grosseiros relativos ao corpo), como o sexo ou a falsa descontração promovida pelo álcool, e muitas outras que persistem em nosso meio ainda hoje e que são muito passageiras.
Com o passar dos tempos fomos nos depurando, buscando sentimentos mais sublimes e mais sólidos, e das sensações vulgares, muitos passaram a conhecer o amor. Não aquele amor vulgar de filmes e novelas, sempre confundido com as sensações sexuais, onde “fazer amor” é o ideal. Engano!
Libertando-se das sensações o objetivo do homem é descobrir o amor. Mas o amor verdadeiro, aquele que ao mesmo tempo que liberta os homens, os une, descobrindo que aos olhos do Criador, somos todos iguais. Uns mais ou menos intelectualizados e espiritualizados, mas em essência, iguais, caminhando juntos e colaborando para um bem comum: a vida.
E são em momentos de crises que se conhecem os graus de evolução dos povos:
*Se movidos por seus instintos animalizados e mais grosseiros?
*Presas as suas sensações egoisticamente prazerosas e momentâneas?
*Ou enobrecidas pelo amor que liberta, mas, ao mesmo tempo une a todos de forma fraterna, dando-se as mãos a quem necessita, caminhando sempre juntos?
Há que se corrigir: Deus certamente não quer assim!
Mas assim o permite para que os homens tenham a chance de evoluir, saindo da idade das pedras e seguindo para a era do amor.
Devemos concordar que o homem tem sua parcela de culpa.
Foi abusando de forma insensata da natureza – mãe acolhedora – sentindo necessidades em suprir as suas “necessidades mais básicas”, e por ironia ou não, as mesmas necessidades que enriqueceram uns de mais e tornaram outros pobres de mais, onde a única sensação de superioridade que estes mais miseráveis puderam ter era “a vista superior do alto do morro”, o único “estar acima” que puderam conhecer. 

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