quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Limpando a garagem

Outro dia ouvi de um amigo uma história e irei repassar agora. Embora simples, percebi que trazia consigo grande ensinamento.
Me contou que, enquanto fazia uma faxina em casa, encontrou na garagem um velho saco cheio de velharias e outros objetos que apenas ocupavam espaço. De momento Sentiu vontade de doar tudo. Intimamente se questionava o porquê de ter guardado tudo aquilo por tanto tempo.
Remexendo nas quinquilharias, encontrou outro saco, este, cheio de latinhas vazias. Pensou em vender, a fim de juntar alguns trocados.
Por coincidência ou não, bem na hora que levava os objetos para o lado de fora da casa, passava na rua um senhor que juntava material para reciclagem.
Sentiu vontade de dar a ele as latinhas e os outros objetos. Ao mesmo tempo, sentia-se tentado em vender tudo e lucrar alguns poucos trocados. Era o apego falando alto.
Relutou e preferiu ouvir o que dizia seu coração. Chamou o senhor e sem hesitar mais, deu-lhe não só saco com as latinhas, mas também os outros objetos.
Segundo ele, o homem mal cabia em si de tanta alegria, e o agradeceu de forma acanhada, mas de um jeito que demonstrava profunda sinceridade nos gestos.
Essa história parece até comum e simples, se olhada superficialmente. Foi como aconteceu comigo da primeira vez em que ouvi. Mas depois, refletindo, foi que percebi quão grande era a lição por trás daquilo tudo.
Fazendo uma comparação, a garagem representa nossa vida e o dia-a-dia, e os objetos velhos, tudo o quanto conseguimos juntar em questão de sentimentos. São os velhos conceitos que temos das pessoas e do mundo.
Por vezes nos apegamos em demasia a coisas fúteis e amontoamos em nossa “garagem” existencial.
Quantas fantasias vestimos em determinados momentos de nossas vidas, e depois, por alguns mistério alheio a nossa compreensão, estocamos na garagem em vez de nos livrarmos delas?
Quantos conceitos e pré-conceitos equivocados amontoamos, permanecendo no erro enquanto observávamos tudo a nossa volta mudar para o melhor?
Como humanidade, somos ainda muito jovens em nossa existência, e por conta disso ainda guardamos muitos apegos desnecessários. Paixões de toda espécie, que retardam a nossa evolução moral: as paixões vulgares, a falta de empatia, a maldade, o sarcasmo, etc.
Somente agora começamos a despertar para as verdades maiores, onde o amor torna-se a linguagem universal.
De pouco em pouco vamos descobrir que não é mais necessário armazenar nada sem valor em “nossa garagem da alma”.
A evolução rumo ao melhor é constante, é feita dia após dia, e para que isso aconteça, a faxina deve ser constante.
É preciso conservar e repassar o que é bom, e inevitavelmente jogar fora o que não nos faz bem.
Que troquemos as mágoas pelo perdão, às paixões passageiras por amor verdadeiro, a ambição pela caridade, a vaidade pela humildade... Por fim, melhorar um pouco a cada dia.
Para concluir, meu amigo disse que se sentiu melhor depois da faxina. Sentia tudo renovado, tanto no ambiente, como em si mesmo.
 Assim também é em nossas vidas.
Que tal limparmos a garagem?

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